fevereiro 23, 2008

desejo...

Deitada à sombra de uma mangueira.
A tade é ensolarada. Fresca. Gostosa.
Vejo uma borboleta.
Também sinto vontade de voar...
Como obterei asas?!

Sempre quero o mais difícil?
Não!
Sempre o mais intrigante e prazeroso...





Agradeço ao Filipe Garcia pelo selo:

E o repasso para:

fevereiro 16, 2008

Amo-te

Era um sábado! Teria sido mais um sábado qualquer se não fosse o fato de a banheira estar tingida de vermelho e a deusa, era assim que ele a chamava, estar inerte, mais pálida que o normal e com o olhar, que outrora fora tão deliciosa e maliciosamente perturbador, vago, afundado no vazio.
Ele correu até ela, tirou-a da banheira e, nesse momento, percebeu o colar vermelho, de sangue coagulado, em volta de seu, tão desejado, pescoço. Tentou, desesperadamente, sentir a pulsação dela, mas seu nervosismo não ajudava. Sua aflição era tanta que ele não conseguia falar nem gritar... só as lágrimas escorriam, silenciosamente, pela face enquanto acariciava aqueles cabelos negros...
Lembrou-se dos inúmeros momentos felizes com a deusa! Lembrou-se da noite anterior. Uma noite deliciosamente perfeita. Eles tinham se amado intensamente! Ainda podia sentir o gosto dela, seus gemidos estavam gravados na memória, o cheiro do sexo ainda estava lá...
Ele soluçava como um menino! A dor era tão grande que parecia comprimir o coração dele! A mulher que ele amava estava morta sem ele nunca tê-la dito isso! Ele deitou a cabeça nos seios, frios, da deusa e ficou dizendo incessantemente:
-Minha deusa, amo-te! Como nunca amei ninguém...
Nesse momento ele sente alguém acariciando seus cabelos...
Desperta!!
Ele estava deitado na cama com a cabeça descançada nos seios, quentes, da deusa de cabelos negros... olhou para o seu rosto... ela estava ali, sorridente:
- Sempre quis ouvir isso de você, mas nunca pensei que seria enquanto você tivesse num estado de 'transe pós-orgasmo'...
Ela ria... seus olhos provocantes perguntavam:
-Vou ouvir de novo ou não?!
Ele não perdeu mais tempo:
-Eu te amo...

fevereiro 08, 2008

Carta à um Conquistador Barato

Mon cher,
Espero, sinceramente, que essa seja a última vez em que tenho o desprazer de comunicar-me contigo. Quero que, por meio dessa, venhas a compreender o que há tempos estou tentando mostrar-te: acabou, afinal, ' je n'ai pas le coeur assez large'!
Entendons-nous... quando nos vimos pela primeira vez achei-te insuportável. Aquele teu ar presunçoso... tu te achavas irresistível ( e os últimos acontecimentos me mostraram que ainda te achas), que nenhuma mulher resistiria ao teu charme. Só eu via, na verdade, como tu eras, pois as outras deliravam quando tu aparecias, ficavam em êxtase quando te ouviam cantando'Le Courage d'Aimer'! Era por isso que eu te deixava intrigado.
O pior é que teus amigos sempre te diziam que eu era 'un bijou' e que, pelo jeito, era inteligente o bastante para não cair nos teus encantos. Isso foi a última gota! Tu precisavas massagear teu ego e o troféu principal seria eu.
Já tinhas te decidido. Me conquistarias à qualquer preço! Foi aí que começastes o teu joguinho egoísta. Tinhas certeza que serias o único vencedor...
Voltamos a nos encontrar. Baixastes tua bola, não davas mais atenção às tuas 'concubinas', não te esforçavas mais para chamar atenção e, com isso, comecei a não me afastar de tuas aproximações. Conversávamos sobre livros, filmes, teatros, ríamos à toa... Nos víamos cada vez mais...( e cada vez, com menos amigos).
Pouco tempo depois, só era fechar os olhos pra te escutar falando, num sussurro quase inaudível, 'adoro estar contigo ma petite'. É... adorava isso, ficava relembrando o tempo todo 'ma petite'... pois é, tu, estavas no caminho da vitória; eu, já estava apaixonada!
Mas me apaixonar não estava nos meus planos. Tudo que eu sentia era muito novo, muito puro... eu pensava:
- Será que ele gosta de mim? Por que ele, ainda, não me beijou???
Só que eu, tola e apaixonada, não sabia do seu plano secreto!Tudo deveria ocorrer de acordo com ele!
Até que, finalmente, chegou o grande dia! Não imaginas quanto tempo passei revivendo cada milésimo de segundo do nosso primeiro beijo... o cheiro dos livros velhos e, até mesmo, o ruído das traças ficaram gravados em minha memória!
Daí para o nosso namoro foi um pulo, e foi nesse pulo que tudo, entre nós, começou a mudar.
Quando aceitei teu pedido já começastes a te sentir vencedor... para que tudo corresse como o planejado só era tu, agora, conseguir me dá o famoso pé-na-bunda. Mas as coisas começaram a ficar difíceis.
Achastes que voltando a ser o boçal de antes eu, rapidinho, cairia fora... não contavas tu com a cegueira da mulher apaixonada! Até em nossas brigas, mesmo quando tu eras o culpado, era eu quem dizia:
-Pardon, je t'aime...
Ficamos nessa situação por um ano, dois meses e três dias. Ou melhor, até eu descobrir tua vida tripla!Domingos, segundas, quartas e sextas, eras meu namorado, disons le mot, eu realizava tuas fantasias; terças e quintas, tu me traías com a primeira que te desse 'bom dia' ( não eram poucas); e no sábado, quem diria, dançavas em uma boate para mulheres! Até que foi... hum... engraçado?! (pra quem tem humor sádico)... descobrir esse teu lado na despedida de solteira da minha irmã!
É... acabei o namoro. Acredito que tu ficaste mais que satisfeito, no primeiro momento. Mas passando alguns dias começaste a sentir falta, não de estar comigo, e sim, de eu não te procurar, de correr atrás de ti ( como as tuas 'ex' fizeram). E por isso vieste me procurar!
Vieste dizer-me que tinhas percebido que me amavas realmente, que essa separação só mostrou o quanto tua vida não tem sentido sem mim. Que sentias falta do meu cheiro, do meu toque. Tout ça est une blague!
Ainda tiveste a audácia de dizer-me, num cartão juntamente com rosas vermelhas, que só tu me conhecias verdadeiramente! Se me conhecesses, realmente, não me darias rosas vermelhas (um verdadeiro clichê), e sim, gérberas.
Cansei de realizar teus desejos sórdidos! Não me procures nunca mais...
Bonne chance, honni!
La petite.

fevereiro 01, 2008

Cansada, ou melhor, exausta

Tenho inveja dos sábios e dos tolos...
Cansei de ser designada 'inteligente'!
Os tolos se fecham em seus próprios 'mundos felizes' e não se importam com erros e sofrimentos;
Os sábios aprendem com os erros dos outros;
Enquanto os 'inteligentes' só conseguem aprender com seus próprios erros.

Pois é, cansei de errar...